Ex-presidente fez proposta inusitada ao ministro relator da ação penal sobre tentativa de golpe de Estado; audiência faz parte da fase de instrução do processo que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro
Em um momento inesperado durante seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro protagonizou uma cena inusitada ao convidar o ministro Alexandre de Moraes para ser seu vice-presidente nas eleições de 2026.
Antes de formalizar o convite, Bolsonaro perguntou se poderia “fazer uma brincadeira”. Moraes, mantendo o tom descontraído, respondeu: “O senhor que sabe, eu perguntaria aos seus advogados antes”. Na sequência, o ex-presidente anunciou: “Eu gostaria de convidá-lo para ser meu vice em 26”.
O episódio ocorreu durante o interrogatório de Bolsonaro na ação penal que apura uma tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, relacionada aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A investigação, conduzida pelo STF, foi instaurada após denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta a existência de um plano coordenado para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no fim de 2022.
Além de Bolsonaro, outros sete réus compõem o chamado “núcleo duro” da articulação golpista, segundo a PGR: Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
O depoimento do ex-presidente integra a fase de instrução do processo, etapa anterior ao julgamento de mérito, no qual os ministros da Corte decidirão pela condenação ou absolvição dos envolvidos. As perguntas foram feitas pelos ministros Alexandre de Moraes (relator da ação) e Luiz Fux, além do procurador-geral da República, Paulo Gonet. A defesa de Bolsonaro também teve oportunidade de questioná-lo.
A audiência desta terça-feira é considerada uma das mais aguardadas da fase de instrução, por envolver diretamente o principal nome apontado na suposta tentativa de golpe. O convite a Moraes, ainda que em tom de brincadeira, chamou atenção pelo contraste com o histórico de embates entre o ex-presidente e o ministro, um dos principais alvos de críticas do bolsonarismo durante os últimos anos.
Fonte: Tv Justiça